[MÚSICA] [MÚSICA] Olá pessoal. Bem-vindos a nossa aula número dois, a mais uma aula no nosso curso de pensamento crítico, lógica e argumentação. O tópico de hoje é o que está discussão. Nós vamos ver, avaliar exatamente do quê que estamos falando. E os tópicos a serem abordados nesta aula são os seguintes: os pontos que nos levam a enfraquecer argumento, que são basicamente usar frases vagas, confundir objetividade com subjetividade, propor definições mal feitas ou persuasivas, nós já vamos ver o que é isso, usar termos ou frases ambíguas, e confundir uso e menção. Então vamos definir o que é uma frase vaga. Uma frase vaga, uma frase é dita vaga se o que o seu autor pretende dizer não é claro. Exemplo, as seguintes são frases vagas. "As pessoas hoje são mais conservadoras do que costumavam ser". Por que essa frase é vaga? Porque está falando sobre as pessoas. Que pessoas, quais pessoas, quem? São mais conservadoras hoje do que costumavam ser? Como é que eu estou medindo a diferença entre o grau de conservadorismo hoje e anteriormente? Não dá para saber direito, é vaga, eu não sei o que é ser conservador e nem sei o que está dizendo. Costumavam ser quando? Na idade média, no século passado, onde é que está? Então é tão vaga que não dá para saber o que a pessoa está querendo dizer, claramente onde ela quer chegar. "A liberdade é o maior bem". A liberdade é grande bem, mas o maior do que o quê? Maior do que a vida eterna, maior do que a felicidade? Você pode até achar isso, você pode acreditar que a liberdade é melhor do que qualquer outra coisa, mas você tem que esclarecer quais são as outras coisas que estão sendo comparadas com a liberdade. E essa outra. "Se ganharmos as eleições faremos melhor". Melhor do que o quê, do que quem, do que quando? É só uma frase com efeito retórico. "A tradição filosófica ocidental esqueceu o ser." Que tradição filosófica é essa que está sendo mencionada? Exatamente o que é o ser, o que significa o ser que está sendo usado, qual é a noção de ser que está sendo usada e por que ela foi esquecida? Quer dizer, não dá, não tem objetividade nenhuma. Por outro lado, uma afirmação é objetiva se a sua verdade for independente do que a pessoa que a profere pensa, acredita ou sente. Caso contrário é chamada de subjetiva. Por exemplo, 2 elevado a 328 menos 5 é número primo. É uma frase objetiva. De fato esse número enorme, 2 elevado a 238, menos 5, é número ímpar que poderia ser candidato a ser primo. Eu não sei se ele é primo, não sei nem se ninguém sabe isso mas o fato é que princípio é possível saber. Você pode deixar computador rodando algumas dezenas de anos e ele vai saber se esse número é primo ou não. Princípio é possível, portanto, ela é objetiva. Quer dizer, ser objetiva não significa dizer que é fácil saber, mas que é possível. "Estou com frio". Subjetiva. Como é que eu vou medir a sua sensação térmica. Para você pode ser verdade que você está com frio ou não, eu não vou saber se você está dizendo a verdade ou não e nem com quanto frio você está. Vamos testar algumas frases. Para testar se uma afirmação é subjetiva ou não, uma maneira de fazer isso é acrescentar expressões como "penso que", "acredito que", "sinto que", "acho que", etc. Se ao substituir essas marcas de subjetividade na frase o sentido da frase não for alterado isso é indício de subjetividade, é indício de que a afirmação é subjetiva. Vamos analisar alguns exemplos. Quais frases são subjetivas? "Os homens são mais fortes do que as mulheres." Que homens e quais mulheres? Têm mulheres que são muito fortes, tem medalha olímpica de jiu-jitsu, de judô, de levantamento de peso. Pode ser muito mais forte do que muitos homens. O que é ser mais forte? Fisicamente? Ou será que é intelectualmente, emocionalmente, o que se quer dizer? Então não tem sentido. É só você colocar, "eu acho que" os homens são mais fortes que as mulheres que você vai ver que cai na classe das subjetivas. " geral, parece que as pessoas são mais conservadoras hoje do que há 30 anos atrás". Bom, mas está com esse qualificativos de " geral", "parece", é tão vago que não dá para saber se parece, parece para quem? Geral para quanto, que pessoas, quantas são? "Devemos lavar sempre as mãos antes de comer." É conselho, mas é objetivo. Você vai saber se lavou sempre a mão ou não. "Seu som está muito alto; ou você baixa o volume, ou chamo a polícia." De fato você pode chamar a polícia ou não, mas saber o que significa o som estar alto é muito subjetivo. Alto para quem? Tem gente que gosta de barulho, de som muito alto, vai achar que não é tanto, outro é mais sensível. Eu poderia colocar na frente "creio que", "penso que" o seu som está muito alto e como a frase não muda de valor verdade, é então subjetiva. Outra. "Capricórnio, este é o momento para dar seguimento aos seus planos relativos a viagens. Este é período vibrante, com muitas amizades e projetos. Atravessará uma fase que passará por mudanças inesperadas." Bom, sempre alguém passa por mudanças inesperadas, sempre alguém tem planos, é difícil dizer que é falso. É tão desprovido de valor verdade que não é nem falsificável, nem eu consigo dizer que alguém de Capricórnio não está passando por isso. "João pesa 85 quilos." Essa é bastante objetiva, é só ir na balança e verificar o peso do João. "João tem peso a mais." A mais do que o quê, a mais do que quem? É subjetiva e não é objetiva. Então, confundir objetividade com subjetividade, geral, é uma fonte de maus argumentos. Constitui quase sempre maus argumentos. Vamos ver diálogo aqui, o João diz o seguinte: "A Teoria da Evolução é uma farsa." É a opinião dele, ele dá a opinião, o que ele acredita, a crença dele. Aí a Clara, tentando ver isso como argumento, diz: "por que razão você diz isso?" "Muitos especialistas dizem que uma das melhores teorias científicas já propostas." Ela está então desafiando o João. O João vira e diz assim: "gostos não se discutem". O que ele acabou de fazer é pular fora da discussão, ele não está mais na discussão, ele não está mais discutindo, ele apelou para uma noção subjetiva de gosto. Porque, de fato, se é uma questão de gosto, gosto é uma noção subjetiva, não dá para discutir mesmo. Mas ele começou propondo uma discussão e pulou fora. Frases ambíguas é outra maneira de não argumentar bem. Uma frase ambígua é se há pelo menos duas maneiras claras de a compreender. Por exemplo, "devia ter banco nessa praça". Que banco? Banco de jardim, ou banco ligado a atividade econômica? "Dizer que ter uma arma casa é estar à espera de acidente, é como dizer que quem faz seguro de vida está à espera de morrer". Portanto, essa analogia mostra na opinião de quem está propondo que devemos ter o direito de nos proteger. Só que, na verdade a analogia não funciona, porque seguro de vida não causa a morte de ninguém, mas ter arma casa pode causar a morte, também não é obrigatório, mas pode causar a morte. E seguro de vida jamais causou, pelo menos que se saiba, a morte de alguém por ter feito o seguro de vida. Outra. "Campanha contra desinformação do governo entra uma nova fase." Que fase? Que campanha é essa, qual fase nova é essa? Como é que era a fase velha, para que eu compare? Eu não posso comparar, a frase é ambígua. "Vendo uma parte da lua". Como entender o que é uma parte da lua? Eu estou olhando, estou vendo, estou observando uma parte da lua, ou estou vendendo uma parte da lua? Pode ser que alguém queira me vender uma parte da lua. [MÚSICA] [MÚSICA]