[MÚSICA] [MÚSICA] Olá pessoal, bem-vindos a mais uma aula, ao nosso tópico de pensamento crítico, lógica e argumentação. O tópico de hoje é afirmações compostas, onde realmente a lógica entra pouco mais. Nessa aula, mostramos como podemos conectar afirmações para estruturar argumento. Quer dizer, conectar como? Conectar a partir de "ou", de elementos como "e", "se" e "então", ligação e etcetera. Então, nesse tópico, a lógica entra bastante. A gente já falou várias vezes, eu repito pouco aqui, que o pensamento crítico tem haver com linguagem, com lógica e com bom senso. Às vezes, pouco mais de item, pouco mais de elemento, às vezes pouco mais de outro. Este agora é pouco mais de lógica que entra na receita aqui. E nesse tópico, então, a lógica entra bastante e deverá ficar claro por qual razão, quando você contraria a lógica, você sem querer cai uma falácia. Contrariar a lógica constitui uma falácia. Bom, vamos primeiro definir o que é uma afimação composta. É uma afirmação constituída por outras afirmações, mas que no conjunto deve ser vista como uma única afirmação. Por exemplo, "Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil". Isso é uma afirmação de naturalista francês do século XIX, chamado de Auguste de Saint-Hilaire, que achava que as saúvas eram o pior problema que aconteciam no Brasil. Hoje nós sabemos que as saúvas fazem parte da ecologia do planeta, da ecologia do mundo. Não adianta eu querer acabar com a saúva. Eu tenho que controlar, mas acabar, eu não posso acabar com nada. Acabar com vida nenhuma. Então, é péssimo exemplo, mas não deixa de ser uma afirmação composta, é composta de "ou": "...ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil...". Outro exemplo: "Ou algumas aves não voam, ou os pinguins não são aves". Aqui eu estou conectando a partir do "ou", a partir da disjunção, mas estou conectando afirmações negativas: "Ou algumas aves não voam, ou os pinguins não são aves". Então, uma afirmação composta pode ser falsa. Como eu disse, hoje se sabe que não devemos acabar com nenhum organismo, mas conviver com eles preservando o equilíbrio. Não é porque ela é uma afirmação composta que ela é obrigatoriamente verdadeira. Ela pode ser falsa por várias razões. Vamos ver quais. Então, os tipos de afirmações compostas são as seguintes. Afirmativas são afirmações que fazem parte de uma disjunção, "ou". Disjunção é "ou". Conjuntivas são afirmações que fazem parte de uma conjunção. Conjunção é "e". Condicional são afirmações que podem ser reformuladas como "se... então...". Condicional é uma das mais complexas. É muito complexa o condicional. Nós vamos ver, porque ela é pouco pior do que as alternativas, as conjuntivas e as negativas. Então, exemplo: "Este candidato vencerá as eleições primeiro turno, ou disputará o segundo turno". É uma alternativa. "José Serra é careca e é filiado ao PSDB". Tem uma conjuntiva, uma conjunção de duas alternativas: "José Serra é careca" e a outra "ele é filiado ao PSDB". Uma condicional é: "Se o candidato tiver mais do que 50% dos votos válidos, então será presidente do Brasil", segundo turno, digamos. Antecedente de uma condicional, é chamado condição suficiente e o consequente é chamado condição necessária. Quem é o antecendente? Antecendente é o que tem antes. Se "A", então "B". O "A" é o antecedente, o "B" é o consequente. O antecedente é chamado de condição suficiente e o consequente é condição necessária. Então, "se A, então B" na condicional "se A, então B", "A" é uma condição suficiente para "B", porquê? Porque basta que "A" ocorra, é suficiente que "A" ocorra para disparar "B", para que "B" consequentemente ocorra. Se "A" ocorreu, então "B" vai ocorrer. Por isso que "A" é uma condição suficiente para "B". E, no entanto, ao contrário, o "B" é uma condição necessária para "A", porque se o "B" não ocorrer, o "A" não aconteceu. Então o "B" é necessário. E eu sei que isso é complexo. Isso é pequeno exercício de lógica, mas vale a pena prestar atenção, porque muitos dos nossos argumentos são formulados com base nos condicionais. A contraditória de uma afirmação. A contraditória é uma ligação de uma afirmação, é outra afirmação que tem sempre o valor de verdade oposto, quer dizer, se "A" é verdadeiro, a contraditória dela é falsa. E se "A" é falsa, a contraditória é verdadeira. Não quer dizer que porque é contraditório, que é falso. Não quer dizer isso. Se a afirmação é falsa, a contraditória é verdadeira. Se a afirmação é verdadeira, a contraditória é falsa. Então, a contraditória de uma disjunção. Agora é mais complicado. Suponha que eu tenha uma afirmação "A ou B". A contraditória dessa afirmação é "não A e não B". Cuidade, ou repetir. se a afirmação é do tipo "A ou B", é uma disjunção, a contraditória dela é uma conjunção de negativas. Por exemplo: "Hoje vou ao cinema ou à praia". A contraditória dessa, negar essa afirmação que "hoje eu vou ao cinema ou à praia", é dizer: "Hoje não vou ao cinema nem vou à praia". Então, é "e", é o "não A e não B". Outro exemplo: "Vou telefonar ao Pedro ou à Clara". Se eu não for fazer isso, eu "Não vou telefonar nem ao Pedro e nem à Clara". Então, a contraditória de uma disjunção passa a ser uma conjunção com negações. A contraditória de uma conjunção vai ser o simétrico. Se eu tenho alguma coisa do tipo "A e B", a contraditória é "não A e não B". Vamos ver. "Hoje eu vou ao cinema e ao supermercado", ou seja, vou a ambos os lugares. Se isso não acontecer, é porque eu neguei a primeira ou a segunda. Se não é o caso que hoje eu vou ao cinema e ao supermercado, é porque eu não vou ao cinema ou não vou ao supermercado. Então, cuidado. A contraditória de uma afirmação conjuntiva, ou de uma conjunção é uma disjunção de negativas. Outro exemplo: "Vou telefonar ao Pedro e à Clara". Vou telefonar aos dois, a ambos, as duas pessoas. A negativa disso é "ou não vou telefonar ao Pedro ou não vou telefonar à Clara". Agora, pior ainda, mais complexa ainda, a contraditória de uma condicional. Então, se a afirmações é do tipo "se A, então B", a contraditória é "A, mas não B". Então, veja, é complexo, porque "se A então B" é uma afirmação condicional, a contraditória dela é uma conjunção que tem uma parte positiva e uma parte negativa. Por exemplo: "Se Clara estudar três horas por dia, passa de ano". Se não é esse o caso, eu vou dizer o seguinte: a Clara estuda, ou estudou três horas por dia, mas não passa de ano. É "A", mas não "B" a negativa de "se A então B". Outra aqui: "Se Dilma fosse candidata, não seria a favor do aborto". Note que tem uma negativa agora: "Se Dilma fosse candidata, não seria a favor do aborto". Não importa se é verdadeiro ou falso é só exemplo. "Se Dilma fosse candidata, não seria a favor do aborto". A contraditória é "Dilma é candidata", "Mesmo que Dilma fosse candidata", "Ainda que Dilma fosse candidata", ao contrário, "ela seria a favor do aborto". Então, veja, aqui é do tipo "A e então não B", então a contraditória é "A e B", porque o não não vira "A", dupla negação vira "A", como a gente intuitivamente espera. Argumentando com disjunções. É complicado argumentar com disjunções, com conjunções também é pior ainda, com as condicionais, mas nós temos que enfrentar o bicho de pé. Então, suponha que eu... alguém tá pregando o seguinte argumento: "Ou o congresso tem uma rampa de acesso para deficientes, ou João não pode ir assistir a votação. Mas o Congresso não tem uma rampa de acesso para deficientes. Logo, o João não pode ir assistir à votação". Qual é a, vamos chamar de afirmação "R", minemonicamente para se referir à rampa, o Congresso tem uma rampa de acesso para deficientes e ele, o João, não pode assistir à votação. Então, eu tenho "R" e "N", estou definindo aí a minha afirmação complexa duas afirmações componentes. Então, como é que eu vou dizer isso aí. Então, vamos pensar na exclusão de possibilidades. "A ou B". "Não A, portanto B". Se eu tenho "A ou B", o "A" tá excluído, é porque o "B" acontece. É argumento válido. Esse é o tipo de argumento válido. Quer dizer, repito, se "A ou B" é o caso e "não A" é o caso, é porque só pode "B" ser o caso. É argumento válido. A outra, "R ou N". "Não R, portanto N". A história do João. Ou existe a rampa ou João não pode ir assistir à votação. Não é o caso que tem uma rampa, portanto o João não pode assistir à votação. Então, é, de novo, argumento válido. "R ou N", e acontece que "não R" é o caso, então acontece "N". Essa duas formas de argumento são chamadas de silogismos disjuntivo. São formas muito antigas e muito conhecidas de formato lógico de argumento. Nem todo argumento tem o formato lógico preciso como este. Mas este tem e tem que ser respeitado. Por exemplo: " gato matou o meu canário ontem. Ou foi o gato da Clara, ou o de vizinho, ou gato vadio". Agora tem três possibilidade. "A Clara diz que não foi o gato dela, porque o dela esteve o tempo todo casas. O vizinho diz que o gato dele nunca sai de casa. Portanto, deve ter sido gato vadio". Então, como é que é a estrutura desse argumento? "O gato matou meu canário". "Ou foi o gato da Clara", possibilidade 1; "ou o de vizinho", possibilidade 2; "ou gato vadio". "A Clara diz que não foi o gato dela, porque ele tava o dia todo casa. O vizinho diz que não foi o gato dele, porque nunca sai de casa. Logo deve ter sido gato vadio". Qual é a estrutura desse argumento? "A ou B ou C". E não aconteceu A, nem aconteceu B, a culpa foi do C. É caso aqui chamado de argumento onde eu excluí as duas primeiras possibilidades, ficou a terceira. Então, podia ter quatro: "A ou B ou C ou D". Não "A" e não "C", então foi "B" ou "D". Se tinha quatro e eu excluí duas, ficou entre a "B ou D". E assim vai. É uma forma válida de argumentação. [MÚSICA] [MÚSICA]